Adeus, Preta Gil: o Brasil se despede de uma voz que ecoava amor, coragem e resistência
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A cantora, empresária e ativista Preta Maria Gadelha Gil Moreira, conhecida simplesmente como Preta Gil, faleceu aos 50 anos, no domingo, 20 de julho de 2025, em Nova Iorque, após uma longa e valente batalha contra um câncer colorretal diagnosticado em janeiro de 2023. A notícia abalou profundamente o Brasil e reverberou internacionalmente, arrancando lágrimas e homenagens de fãs, amigos e artistas que acompanharam sua trajetória de luz, luta e legado.
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Preta partiu no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, onde enfrentava os estágios mais desafiadores da doença. Nos últimos meses, mesmo debilitada, nunca deixou de compartilhar sua jornada com o público, transbordando esperança, fé e gratidão. Um dos momentos mais comoventes foi quando apareceu caminhando após 55 dias hospitalizada — um gesto simples, mas carregado de simbolismo para quem a acompanhava com o coração apertado.
Desde o diagnóstico, Preta encarou a doença com coragem rara: passou por cirurgia, usou bolsa de ileostomia, fez sessões intensas de quimio e radioterapia. Em agosto de 2024, a metástase atingiu outros órgãos, e ela embarcou rumo aos Estados Unidos em busca de tratamentos experimentais, lutando até o fim.
Filha do ícone Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta não apenas herdou o talento do pai, mas também construiu uma identidade artística única. Seu álbum de estreia, Prêt-à-Porter (2003), abriu caminho para uma carreira marcada por autenticidade e posicionamento. Fundadora da Mynd, também brilhou como empresária, sendo uma das vozes mais ativas em pautas como o feminismo, os direitos LGBTQIA+, o combate ao racismo e à gordofobia. Preta foi, sem dúvida, um símbolo de liberdade em todas as formas de ser.
Nos últimos dias de vida, esteve cercada de amor. Amigos como Gominho estiveram ao seu lado em Nova Iorque, assim como sua família. Mesmo em seus momentos mais frágeis, ela fez questão de expressar seus desejos: queria um velório no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com um cortejo em trio elétrico, e que seu corpo fosse enterrado na Bahia, berço da ancestralidade e da música que a formaram.
A comoção foi imediata. O pai, Gilberto Gil, chegou a passar mal ao receber a notícia da morte da filha e precisou de atendimento médico. A atriz Carolina Dieckmann, uma de suas melhores amigas, viajou aos EUA para a despedida e emocionou ao escrever:
“Preta é meu colo e quem também é a dona do meu. Preta é a tradução mais bonita disso; e a nossa irmandade é transbordamento.”
Gominho, por sua vez, desabafou:
“Tenho sentido esse luto desde a minha volta de NY. Algo lá me fez entender que eu não a veria mais…”
Preta Gil foi muito mais do que uma artista: foi uma força da natureza que transbordava vida, alegria, verdade e empatia. Com sua voz marcante, suas opiniões firmes e sua entrega total, ela criou pontes, curou feridas e inspirou gerações.
Hoje, o Brasil chora, mas também celebra. Porque Preta vive em cada acorde, em cada bandeira que ajudou a levantar, em cada pessoa que se sentiu representada por ela. Seu corpo parte, mas sua essência — vibrante, forte, amorosa — permanece.
Que o cortejo continue nos palcos, nos corações, nas lembranças. E que a voz de Preta ecoe eternamente, como um canto de liberdade.